terça-feira, 19 de janeiro de 2010


Por Christiane Forcinito

Artigo publicado no site Sociedade Católica

Hoje em dia se fala muito em independência e em liberdade... Eu mesma acabei de passar por uma grande crise em meu casamento por causa destes dois conceitos e a qual digo sinceramente que estamos superando.
Tenho percebido na atualidade diversa sentidos de ambas as palavras, isto é, tanto a independência e a liberdade estão sendo de alguma forma beirando mais para um subjetivismo do que para um real significado conceitual dela mesma ( de ambos os termos, quero dizer).
A independência, por exemplo, está sendo traduzida como sinônimo de “não compromisso”, isto é, hoje em dia ser uma pessoa independente significa aquela que tem compromisso apenas consigo mesma a que acaba de certa forma gerando um paradoxo em si mesmo, afinal esse desejo patológico de independência que martela a todo o momento em sua mente a faz não compreender o sentido de liberdade e ao mesmo tempo ela se torna dependente deste desejo.
A liberdade humana é antes de tudo compromisso, pois a partir do momento que é livre esta se compromete porque escolhe. E é exatamente aí quando decidimos, tomamos uma decisão é que exercemos o poder da liberdade.
Fazer uma escolha significa se comprometer com o que acreditamos que esta escolha nos enriquecerá. Se fizermos o oposto, isto é, se não nos comprometemos com o escolhido acabamos empobrecidos, pois renunciamos a tudo sem nos enriquecermos a nada.
Um estudante que opta estudar medicina vai de certa forma renunciar tudo o que não o prepare para ser um bom médico e se enriquecerá com sua escolha, afinal quem irá se consultar com um médico “não comprometido” com sua profissão?
Renúncia não é perda! Renunciar é escolher e escolher é enriquecer, isto é, ENQUANTO NÃO ESCOLHO NÃO TENHO NADA!
Outro paradoxo que há dentro disso são casais que apostam radicalmente na independência. Aqui não estou criticando nenhum casal específico e nem mesmo o meu casamento e já a priori digo que sou fã de Sartre e Simone, mas o que vou escrever aqui concorda também e isso possui sim todo sentido que colocarei. Casamentos como citei no início deste parágrafo significa homens e mulheres que de alguma forma não amadureceram e, portanto não sabem ser independentes, inclusive se pode ver isso nas queixas de casais independentes que se separaram...
Há também o outro lado de um querer esta independência a qualquer custo e isso também é sinal de não amadurecimento, pois é um desejo tipicamente adolescente e preso neste desejo “inconsciente” não superado... Como no meu caso sinceramente e talvez seja por isso que eu esteja aqui escrevendo este artigo para que vocês aprendam junto comigo...
A estrutura da liberdade também comporta uma natureza bifurcada, ou seja, para cada ação há uma reação e não há liberdade sem a responsabilidade e quem tenta escolher uma saída pensando em não assumir uma responsabilidade e acaba não pensando em conseqüências acaba tendo que resolve-las depois afinal as conseqüências são inseparáveis das escolhas. Aqui o grau de imaturidade já é bem maior (ufa... Posso dizer que neste grau de imaturidade não estou ... Risos).
Como dizia Sartre: “Somos todos condenados a ser livres” E isso é real! Nós estamos forçados de certo modo á liberdade e a usarmos nossa liberdade, porém estamos impedidos de escapar da nossa liberdade e isso constitui nosso drama e tragédia da nossa vida.
É justamente neste ponto que chego para dizer que uma renúncia á liberdade é ao mesmo tempo a própria liberdade... Trocando em miúdos renunciar à liberdade teria de entregá-la á algo, alguém e isso significa envolvimento e compromisso, ou seja, é o que muitos fogem... E foge da natureza e o conteúdo da própria liberdade e por este caminho é onde não há nenhuma saída... Só o vazio existencial... Que paradoxo não?

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