terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Por Christiane Forcinito

O homem é a medida de todas as coisas ou todas as coisas medem, sujeitam o homem? Foi exatamente pensando no que escrever, que essa questão nos veio à cabeça. Faremos uma reflexão, não muito profunda, porém com base no que estudamos na disciplina de antropologia filosófica, pontuaremos a concepção do homem nestas duas dimensões durante a história e o que isso suscitou filosoficamente sobre ele.

Educação (o homem que se educa e educa outro) e sociedade (o homem ser social que fala e se comunica) andam de mãos dadas e é difícil distinguir quem influencia quem. O homem, no entanto, é visto de maneiras diferentes nessas duas dimensões desde a Grécia antiga, com os filósofos clássicos, até o renascimento, com Maquiavel.

Atenas vivia num momento de transição entre uma educação voltada para a guerra e uma Atenas construindo uma democracia. Diante deste panorama encontramos dois processos educativos, um seguindo o modelo do guerreiro e outro despontando do cidadão que participa do “àgora”. Aqui teremos o guerreiro transformado, ou seja, o modelo, a compreensão, a concepção de homem começa a mudar. Protágoras e Sócrates vivem neste contexto novo, porém ambos pensam na educação de maneiras diferentes.

Protágoras (Sofistas) não se preocupam com o conhecimento e querem moldar todas as pessoas num mesmo plano; demonstram um relativismo “criativo”, onde o conhecimento não é contemplado, pois não há compromisso com o saber e, sim, com a arte de falar (vencer pelo argumento).

Sócrates por sua vez, preocupa-se com o conhecimento e com o que possibilita a ação, ou seja, o saber e fazer prático, coerente.

Aristóteles vem em seguida com a palavra chave “felicidade”, isto é, a vocação do homem é ser feliz, porém, esta felicidade se encontra na sociedade. É a “identidade” tendo um senso de pertencimento, ou seja, o ideal da felicidade está ligado ao homem como “espécie” ligada ao todo. A felicidade pode até passar pela individualidade, mas o foco é o todo. A referência é a sociedade e a educação volta-se para a formação deste homem administrada pelo Estado (todo).

Ainda em Atenas o assegurar a felicidade é presente na concepção deste homem. Cosmopolita, Atenas supera a visão de “localizada” e passa também por um momento de transição onde o pensamento grego possui influência romana, ou seja, uma fragmentação em termo de conhecimento. Os estóicos surgem neste contexto focando o homem moral e ético com ação do pensar para a prática. O homem tem como objetivo firmar virtudes e assegurar a felicidade, pois uma vez conquistada a virtude ele é feliz e não se deixa levar pelas “paixões”, ou seja, livre de qualquer perturbação, tranqüilidade de alma e independência interior. Para os estóicos há a concepção de um homem universal que, segundo eles, é uma questão natural.

O homem medieval é o motor do conhecimento, isto é, ele é aquele que conhece, busca informação procurando saber e sendo influenciado. Ele é o centro e todo o seu caminho é determinante porque é necessário “algo mais”. Ele é o que olha para o alto. O caminho filosófico não é suficiente para chegar a Deus, pois para Santo Agostinho o Espírito se revela ao homem. A virtude da caridade mantém o homem numa “reta” ordem, ou seja, esta prática é fundamental e há uma relação de reciprocidade, pois com Deus mantenho uma relação sem anulação.

Santo Tomás é mais racional. O homem precisa aprimorar sua maneira de ver as coisas, pois tudo está Nele! Se o raciocínio do homem o faz afastar-se da verdade é sinal que algo está errado com a razão, pois há uma referência a alcançar.

No renascimento há uma ruptura, pois o homem não viabiliza a elevação individual, ou seja, a concepção de homem mudou-se completamente. Aqui ele é mau por natureza e sua moral é relativa e pragmática, sua ação visa o fim sem pensar nos meios, ou seja, é uma questão prática de resultado. Se antes existia uma moral normativa aqui acontece o contrário, pois o homem do renascimento deve separar a moral particular da moral pública/ política. A educação é voltada a esse fim e há toda uma conjectura social também.

E hoje? Embora possam perceber que 95% dos pensamentos hodiernos formulados pela nossa sociedade e pelos intelectuais são frutos de pensamentos de outrora, problemas que já foram tratados em diferentes épocas voltam a ser tratados em nossa sociedade atual, mostrando que esses conteúdos possuem excelência muito humana para ser entendido pelo ser humano. Ainda assim a concepção do homem sempre anda lado a lado com a educação (como meio e meta) e a sociedade apontando um homem idealizado.

1 comentários:

Anônimo disse...

Il semble que vous soyez un expert dans ce domaine, vos remarques sont tres interessantes, merci.

- Daniel

 

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