terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Lendo uma entrevista do professor Hermógenes, 86 anos, considerado o fundador da ioga no Brasil, ouvi uma palavra inventada por ele que me pareceu muito procedente: ele disse que o ser humano está sofrendo de normose, a doença de ser normal.
Todo mundo quer se encaixar num padrão. Só que o padrão propagado não é exatamente fácil de alcançar. O sujeito "normal" é magro, alegre, belo, sociável, e bem-sucedido. Quem não se “normaliza" acaba adoecendo. A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento. A pergunta a ser feita é: quem espera o que de nós?
Quem são esses ditadores de comportamento a quem estamos outorgando tanto poder sobre nossas vidas? Eles não existem. Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado. Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha "presença" através de modelos de comportamento amplamente divulgados. Só que não existe lei que obrigue você a ser do mesmo jeito que todos, sejam lá quem for todos. Melhor se preocupar em ser você mesmo. A normose não é brincadeira.
Ela estimula a inveja, a auto-depreciação e a ânsia de querer o que não se precisa. Você precisa dequantos pares de sapato? Comparecer em quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão chegar? Não é necessário fazer curso de nada para aprender a se desapegar de exigências fictícias. Um pouco de auto-estima basta. Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo. Criaram o seu "normal" e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram adiante. O normal de cada um tem que ser original. Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros. É fraude. E uma vida fraudulenta faz sofrer demais.
Eu não sou filiada, seguidora, fiel, ou discípula de nenhuma religião ou crença, mas simpatizo cada vez mais com quem nos ajuda a remover obstáculos mentais e emocionais, e a viver de forma mais íntegra, simples e sincera. Por isso divulgo o alerta: a normose está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam se quisessem ser bem mais autênticos e felizes.
Fonte: 05.08.07-Jornal Zero Hora-P.Alegre-RS - Por: Martha Medeiros
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1 comentários:
Na minha terceira década de férias soube que minha menina mentiu nestes tres anos que esteve por aqui. Ela tem idade para ser minha filha, tem um filho de muito antes e um casal de gêmeas que as conheci após os tres meses de gestação. Eu pe...rguntei: o que é Mulher? Óbvio, ela, fruto desta grande árvore que sobrou na planície, "o que é Homem?". Louca para estragar minhas férias; quem ousaria responder?
Esta foi a melhor atitude para não esperar em vão dias melhores em 2011.
Sabemos que o mundo material gira e a se formam fila em todo lugar. Entre um estanque a outro já não há mais espaço. Portanto, não é prazer em derrubar fileiras, não é baforadas na cara de quem acredita em livre arbítrio, também não é correspondências no mural para quem está só de passagem e ainda não encontrou a viagem marcada, tampouco é amor semelhante ao meu jardim de hortaliças, muito menos e até diria impossível sequer lembrança do se quer normalmente como poesia.
Ouvindo Nina Simone, House of the rising sum, meus orgãos tomam vida própria, o cérebro se torna uma massa sem peso, sem medida, sem imagem.
Minha sorte que logo começa I put a spell on you, e volta aquela vontade amiga de chorar só um pouquinho para não se alegrar demais, e saber sempre que não existe vergonha alguma em se ajoelhar e agarrar as pernas e não permitir que a mulher que ama vai embora. Se alguém conhece música mais bonita, por favor, sinceramente... Não é brincadeira, na minha biblioteca de media play toca tres vezes em seguida.
Existem maneiras poéticas de girar a coisa material, outras maneiras também que se assemelham a pequenas monstruosidades, e sempre novas maneiras também - influência de Body and soul - que nunca serão uma experiência sem limites, porra, este estanque (também) é condição sine qua non da sobrevivência, eu sei, jamais deixaria destes mergulhos vitalizadores, mas, mais além, e este momento reclama, existe o verdadeiro prazer de viver, quando temos muitas ou a humanidade para amar.
Olá, originalidade e intimidade não se separam, este é o ponto, porque a priore somos todos originais. Surfando a partir do pink punk da Marcia Tiburi, que execra a exposição da intimidade, encontrei voce, e gostaria muito que voce qualquer dia me encontrasse.
Forte abraço
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